O jogador do Juventude, Ênio, foi alvo de uma operação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio Grande do Sul (GAECO/MP-RS) nesta terça-feira (20/05), em Caxias do Sul. A ação foi realizada devido a uma suspeita de participação do atleta em casos com manipulação de resultados para apostas esportivas. Foram cumpridos dois mandados de busca, um na casa de Ênio e outro no Estádio Alfredo Jaconi, no armário de uso pessoal do jogador.
Chamada de Operação Totonero, em alusão escândalo de manipulação de resultados na Itália na década de 1980 em jogos da Série A e B, o MP-RS deflagrou-a após uma solicitação da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), afim de obter mais provas sobre possíveis distorções em apostas que prejudicaram centenas de pessoas para favorecer apostadores. Conforme apuração, elas já tinham informações privilegiadas sobre a suposta manipulação para que o jogador recebesse pelo menos dois cartões amarelos em duas partidas pela Série A do Campeonato Brasileiro de 2025.
Ainda segundo o GAECO, os mandados de busca foram cumpridos porque a CBF, ao emitir o alerta, relatou ao MP-RS que foram registradas movimentações acima do considerado normal para um cartão envolvendo um jogador e também pelo fato de que pessoas ligadas ao alvo, tanto no mês passado, quanto agora, estariam entre os apostadores. Os valores apostados não foram divulgados.
Os crimes investigados são os de organização criminosa, artigo 198 da Lei Geral de Esporte e, ainda, eventual estelionato associado. Sobre o artigo 198, trata-se de solicitar ou aceitar, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem patrimonial ou não patrimonial para qualquer ato ou omissão destinado a alterar ou falsificar o resultado de competição esportiva ou evento a ela associado. A pena é de dois a seis anos de prisão, além de multa.
A investigação é conduzida pelos promotores de Justiça Rodolfo Grezzana, que atua em Caxias do Sul, e Manoel Figueiredo Antunes, coordenador do 5º Núcleo Regional do GAECO – Serra. Segundo eles, foram deferidas ordens judiciais para localizar, por exemplo, documentos, mídias, celular, entre outros. Com este material, o MPRS pretende identificar outros suspeitos envolvidos. A investigação continua.
A operação contou ainda com a participação do coordenador do GAECO no Estado, promotor de Justiça André Dal Molin, e da promotora de Justiça Cristina Schmitt. Os mandados foram cumpridos com apoio da Brigada Militar.
Nota do Juventude sobre o caso
O Esporte Clube Juventude informa que tomou conhecimento, na manhã desta terça-feira (20) e colaborou fornecendo os acessos necessários para ação do GAECO/MPRS, tanto no estádio Alfredo Jaconi quanto no CT do Clube.
Reiteramos nosso compromisso com a integridade e a transparência, e continuamos à disposição das autoridades para colaborar com o que for necessário.
O Clube seguirá atento aos desdobramentos desta ação e tem total interesse em acompanhar o completo esclarecimento dos fatos.